Agenda/ Regimes do Audiovisual: por outras imagens de mundo nas redes sociais – Disciplina: P08461

Regimes do Audiovisual: por outras imagens de mundo nas redes sociais – Disciplina: P08461

Dia e horário: Quartas-feiras das 19:00 às 22:00hs

Local: PUC-SP | CÓS

Endereço: Rua Ministro Godoy, 969 | São Paulo - SP | Campus Perdizes

Acompanhe os estudos desenvolvidos em aula pela professo Christine Mello no site: https://extremidades.art/x/christinemello

 

A disciplina estuda modos de pensar o audiovisual contemporâneo a partir do compartilhamento do vídeo (Christine Mello) nas redes (Milton Santos), em suas relações com o tempo vivido, a imanência e a precariedade (Luiz Cláudio da Costa). Se em seus regimes de vigilância (dada-dados, Big Data) e em suas imagens em rede implementam o regime de (áudio)visualidade algorítmica ao mesmo tempo que atuam fora da ética, produzindo fenômenos como os discursos de ódio (Luiz Valério Trindade), o racismo algorítmico, as fake news e as deep-fakes, as proposições ativistas digitais-jornalísticas-artísticas nas redes tecnossociais, em seu caráter micropolítico, contra-hegemônico, respondem sob a forma de uma posição ética, diante do que é mais vulnerável e traumático, como o racismo, a xenofobia, as desigualdades sociais e a discriminação de gênero.

Comprometida com as urgências políticas e a construção da diversidade, a produção independente audiovisual nas redes sociais tensiona o poder de performatividade de suas imagens (como capacidade de ver e analisar o mundo) tendo como princípio noções como afeto, corpo, ato, resistência, afecções do tempo, repertórios performáticos, saber tradicional e ancestralidade.

O objetivo principal da disciplina é abordar o campo da produção audiovisual em relação à invenção, ritualização e crítica das imagens de mundo nas redes sociais, a partir de articulações entre culturas afrodiaspóricas-indígenas e linguagens em rede (Milton Santos).

Busca refletir, com isso, as experiências corpóreas imersivas (corporeidade ou embodiment) associadas às práticas audiovisuais, nas relações entre corpo, imagem e sociabilidade.

Tem como base o livro Performances do tempo espiralar, poéticas do corpo-tela, de Leda Maria Martins, entre outras referências bibliográficas, assim como a observação de trabalhos artísticos em ambientes virtuais imersivos desenvolvidos por meio de linguagens e arquiteturas digitais.

Como objetivo específico, debate relações do audiovisual com: 01) corpo (performance, presença, conexão, saber do corpo (Suely Rolnik); 02) rituais, imagem  e ambientes imersivos (imagem-sonho, ancestral-imagem, imagens em rede, videoinstalação, ambientes virtuais, interatividade); 03) temporalidades (tempo social-histórico, tempo presente, tempo intensivo, reversibilidade do tempo).

Na esfera micropolítica, como o ato de imaginar a existência de maneiras diferentes, trata-se de abordar o audiovisual a partir de relações entre corpo e imagem imersiva, que apresentam transmutações nas dimensões de tempo, presença e conexão, sendo aqui associadas tanto ao campo da arte como aos rituais afro-indígenas brasileiros, por conta da memória ancestral (relativa à conexão com os ancestrais, por meio de gestos expressivos, como o canto, o tambor e a dança), em que o tempo refere-se a uma fenda temporal, reversível, adquire um aspecto transindividual, coletivo, não respeitando as regras convencionais do tempo linear, cronológico (passado-presente-futuro), oriundo da cosmogonia grega.

Em contraposição, associamos a questão da reversibilidade do tempo como parte fundamental de projetos de alta tecnologia em curso, como o vídeo 360 graus e o Metaverso, que tem como objetivo a criação de não apenas outras imagens de mundo, mas também de outros mundos, introduzindo, com isso, outros modos de socialização, outra ordem econômica e comunicacional, assim como realidades paralelas. No caso do Metaverso, esse tipo de plataforma social vem sendo desenvolvida por empresas como a META (Mark Zuckerberg), baseada na imagem imersiva e na realidade expandida, por meio de linguagens como a realidade virtual. Com tais tipos de ecossistemas digitais, trata-se de co-habitarmos realidades multidimensionais muito mais profundas do que as que conhecemos hoje, inerentes ao capitalismo de vigilância, cognitivo, globalitário (Milton Santos), já aguardadas para a próxima década, para os anos 2030.