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Animação 3D nas extremidades – realismo tensionado: história, teoria e crítica da animação de síntese no século XXI

Carlos Eduardo da Silva Nogueira

A pesquisa tem como objetivo desenvolver o conceito de Realismo Tensionado, conjunto de procedimentos artísticos experimentais que se encontram à margem do fluxo produtivo principal da animação 3D. Trata-se de um trabalho multidisciplinar entre os campos da comunicação, da arte e do cinema. O corpus desta pesquisa tem caráter exemplificador dos conceitos desenvolvidos e é formado por diversos filmes de animação 3D selecionados a partir de festivais de cinema, da internet e da televisão. Essa necessidade é justificada pelo fato de a imagem da animação 3D ser herdeira de procedimentos centenários que visam dar objetividade à imagem, deslocando a posição do artista no processo produtivo, que muitas vezes se encontra à mercê de determinismos presentes no aparato, atuando em favor de um tipo de imagem que está de acordo com um destino maquínico pré-determinado, representado pela imagem mercadológica hegemônica. O intuito é que seja possível enxergar maneiras de desvincular a produção de animação 3D desse destino predeterminado, desafiando subjetividades, ampliando imaginários e adentrando o espaço da arte. A hipótese é que esse processo envolve o entendimento da ideologia presente no aparato e o desafio de seus modos de subjetivação. Assim, o realismo presente nessas imagens é entendido como destino último da objetividade historicamente promovida pelas imagens técnicas e, portanto, seu tensionamento tomado como linha de escape dos determinismos do aparato. As perguntas que norteiam este trabalho são: 1) Qual o espaço de singularidade em um sistema cada vez mais automatizado e desenvolvido para a produção de uma imagem de aderência mercadológica? 2) Como é possível deslocar o sujeito em sua relação com a máquina a fim de tornar visíveis imagens que fogem à determinação maquínica? 3) De que maneira novos imaginários podem romper com o ambiente geral de consumo e produção da animação 3D? Para responder tais questões, buscou-se, inicialmente, construir um entendimento geral da animação 3D em termos de seus estatutos históricos e teóricos e de seu ambiente geral de circulação e consumo, por meio de autores como Arlindo Machado, Lev Manovich, Edmond Couchot e Phillipe Dubois. Para o desenvolvimento dos conceitos críticos da animação 3D contemporânea, houve aproximação com autores como Vilém Flusser, Félix Guattari, Jacques Rancière, Cesar Baio e Suely Rolnik. A metodologia de análise do corpus e a conceituação geral dos procedimentos artísticos foram realizadas a partir da abordagem das extremidades, de Christine Mello, na qual são articulados vetores de leitura que permitem a apreciação das obras a partir de suas qualidades de desconstrução, contaminação e compartilhamento. O resultado obtido na presente investigação é a conceituação de um conjunto de procedimentos artísticos que situam a emergência de estéticas particulares que desconstroem o ilusionismo das imagens técnicas, dão materialidade visual aos processos computacionais subjacentes, valoram o erro e as zonas operacionais limites dos contratos comunicacionais da animação 3D, assim como permitem contaminações de outras linguagens e mídias. Finalmente, buscam dar a ver outros modos pelos quais a animação 3D tem lugar na contemporaneidade, promovendo a ampliação do que pode ser entendido como animação 3D no século XXI.

 

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