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Encruzilhadas: práticas artísticas e curatoriais nas redes sociais

Larissa Cristina Sampaio Macêdo

Esta tese busca produzir uma reflexão sobre as práticas artísticas e curatoriais contemporâneas nas redes sociais a partir de produções de artistas negros e indígenas brasileiros compartilhadas no Instagram no início da década de 2020. Para tanto, articula uma discussão teórica e desenvolve o conceito de poéticas das encruzilhadas, conjunto de três procedimentos artísticos comunicacionais experimentais presentes em postagens e trabalhos criados e compartilhados nas redes sociais e inspirado nas noções de Exu: Yangí, Òkòtó e Enugbarijó. A fundamentação teórica é de caráter interdisciplinar entre os campos da comunicação, da filosofia, das ciências sociais e da arte, sob uma perspectiva contracolonial, de matriz afrodiaspórica e feminista negra. Sendo assim, a pesquisa se articula a partir do operador conceitual das encruzilhadas, de Leda Maria Martins, e da abordagem das extremidades, de Christine Mello, que permitem outras formas de pensar e de compreender as complexidades e o que está em jogo na produção desses artistas nas redes sociais. A hipótese é que as práticas artísticas e curatoriais criadas e compartilhadas por artistas negros e indígenas brasileiros nas redes sociais desconstroem os processos hegemônicos das artes visuais contemporâneas e ressignificam a experiência artística na atualidade, abrangendo as subjetividades e as temáticas inerentes à realidade desses artistas através dos recursos estéticos, poéticos e comunicacionais que existem nas encruzilhadas desses aplicativos, ampliando, dessa forma, a experiência sensível da arte e as políticas antirracistas nas redes sociais. Para isso, em um primeiro momento, alguns autores que estão em diálogo são: Juana Elbein dos Santos, com a cosmologia nagô; Luiz Rufino, com a pedagogia das encruzilhadas; Antônio Bispo dos Santos (Nêgo Bispo), com a perspectiva contracolonial; e Muniz Sodré, com as reflexões relacionadas à filosofia, à comunicação, à identidade e ao pensamento afro-brasileiro. Em um segundo momento, para observar o que se refere aos processos comunicacionais e às práticas artísticas e curatoriais nas redes sociais, são estabelecidos diálogos com André Pitol, Diane Lima, Giselle Beiguelman, Luciara Ribeiro e Priscila Arantes. Em relação às questões que permeiam as redes sociais e as lógicas algorítmicas, nos apoiamos nos estudos de Joy Buolamwini, Ruha Benjamin e Tarcízio Silva, entre outros. Pensar as práticas artísticas e curatoriais a partir das encruzilhadas e extremidades das redes sociais possibilita a desconstrução das lógicas hegemônicas nesses espaços. Permite compreender as redes sociais como um lugar comunicacional ambivalente tanto para produções do campo da arte como para a circulação de trabalhos artísticos que tensionam os regimes de visibilidade e invisibilidade dos sistemas algorítmicos. Uma encruzilhada ética, estética e poética, onde as linguagens e as formas de compartilhamento de práticas artísticas e curatoriais são tensionadas e ressignificam a arte na contemporaneidade.

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