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O biopoema “Gênesis” (1999) de Eduardo Kac: poética do desvio como potência de vitalidade

Nathalia Silveira Rech

Este trabalho se constitui a partir de uma leitura crítica da obra Gênesis (1999) de Eduardo Kac. Gênesis é um biopoema que recorre a biotecnologia como forma de fazer poesia com seres vivos. O biopoema é aqui compreendido como um objeto interdisciplinar que reúne campos distintos como arte, comunicação, biologia e poesia. Tendo como pressuposto o conceito de mutação como pensamento organizador da obra, nosso objetivo é o de investigar como este conceito nela contribui para o que chamamos de uma poética do desvio. Para tanto, o desvio é investigado em Gênesis por meio da biologia e da poesia no sentido de analisar tanto a poética de Eduardo Kac como ressignificações da vida na contemporaneidade. Estando em interrelação com diversas áreas, é por meio da abordagem das extremidades, de Christine Mello, que nossa aproximação com a obra se constrói. O trabalho insere-se no campo da Estética da Comunicação, no contexto das poéticas tecnológicas, em torno da bioarte e da arte transgênica. A fundamentação teórica se faz presente pelas ideias de Arlindo Machado, Christine Paul, Priscila Arantes e Stephen Wilson. Nossa leitura da poética do desvio é construída na biologia tendo como ponto de partida as ideias de Brian Massumi, Manfred Eigen, Francis Crick e na poesia E.M. Melo de Castro, Roman Jakobson e Haroldo de Campos. O pensamento de Vilém Flusser sobre as relações entre biotecnologia e poesia é peça fundamental para pensarmos o encontro destas duas áreas. Levando em conta os avanços da genética e da manipulação da vida em seu estágio elementar, nosso trabalho propõe o desvio como potência de vitalidade, um possível resgate da biologia a partir da poesia. O biopoema, portanto, nos é visto como resultado de uma série de mutações que chamamos aqui de poética do desvio. A ideia da poesia de Eduardo Kac articula a desconstrução da linguagem como também uma certa libertação do corpo, uma experiência da vida, como ele diz “sempre entre o chulo e o lixo”, ou seja, a libertação e o cientificismo.

 

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